segunda-feira, 26 de março de 2012

O reconhecimento

Patrícia  sentiu  seu mundo  desmoronar  quando, após onze anos de casamento, seu marido lhe anunciou que tinha dado entrada no divórcio e estava saindo de casa. Seu primeiro pensamento foi para os filhos: o menino tinha apenas cinco anos e a menina, quatro.
As dúvidas a assaltaram. Será que ela conseguiria manter a família unida? Será que conseguiria transmitir-lhes o sentido  de  família?  Será que, criando-os sozinha, conseguiria manter o lar, lhes ensinar ética, valores morais e tudo o mais que eles precisariam para a vida?
O importante era tentar. E ela tentou. Durante a semana, ela arranjava tempo para rever os deveres de casa,  discutir  a importância  de  fazer as coisas certas. Nos finais de semana, um programa infalível era levá-los para a evangelização.
Era importante alimentar os seus espíritos com as lições de Deus, Jesus, a Boa Nova.
E assim se passaram dois anos. Num Dia  das Mães foi preparada uma homenagem muito bonita, no templo religioso. Falou-se a  respeito da  difícil tarefa  de ser mãe e do reconhecimento que toda mãe merecia.
Finalmente, foi pedido  que  cada criança  escolhesse,  dentre as tantas flores que estavam em vasos enfeitados, uma para dar a sua mãe, como símbolo do quanto era amada e estimada.
Os filhos de Patrícia se  encaminharam  até as plantas. Enquanto esperava, Patrícia pensava nos momentos difíceis que os três haviam passado juntos.

Olhou as begônias,  as margaridas douradas,  os  amores-perfeitos  violetas  e  ficou a planejar onde plantar o  que  quer que  escolhessem  para ela.  Com certeza, eles trariam uma linda flor, como  demonstração  de  seu amor.   Todas  as  crianças  já haviam  escolhido  as  plantinhas  e ofertado para suas mães, enquanto os filhos de Patrícia continuavam a escolher.           Pareciam levar a tarefa muito a sério, olhando atentamente cada vaso.
Finalmente,  com um grito de alegria, eles  acharam  algo  bem no fundo.   Com  sorrisos  a  lhes iluminar  os rostinhos,  eles  avançaram  até  onde  ela  estava sentada e  a presentearam com a planta que haviam escolhido.
Ela olhou estarrecida. A planta estava murcha, com aspecto doentio.  Aflita,  ela aceitou o vaso que os filhos lhe estendiam. Era óbvio que eles haviam escolhido a menor planta, a mais doente. Nem flor tinha. Ela sentia vontade de chorar.
Mas eles olhavam para a plantinha orgulhosos, sorridentes. Mais tarde, já em casa, Patrícia não se conteve e perguntou:
-Por que, em meio a flores tão maravilhosas, vocês escolheram esta flor para me dar?
Ainda orgulhoso, o menino declarou:
-Mamãe, é que esta estava precisando de você.
Enquanto as lágrimas escorriam pelo seu rosto, Patrícia abraçou seus dois filhos, com força.
Eles acabavam  de lhe dar o maior presente de dia das mães que jamais poderia ter imaginado.
Todo  o  seu trabalho  e  sacrifício,  ela  reconhecia,  não  estava  sendo  em vão: eles estavam crescendo perfeitamente bem e tinham entendido a linguagem da renúncia e do amor.
Não existe uma forma de ser mãe perfeita, mas um milhão delas de ser uma boa mãe. 
Esmere-se por ser uma boa mãe o bastante para seus filhos. Sensata para os transformar em homens de bem. Correta para lhes dar os exemplos de cidadania.  Digna  para  exemplificar  a honra  e amorosa  para  lhes falar das coisas que não perecem nunca e criam tesouros além da vida material.

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